05/04/2021
Cirurgia bariátrica e moda do jejum não combinam, alerta nutricionista

O jejum existe há milhares de anos, faz parte da religião de algumas pessoas, mas vem sendo estimulado nas mídias sociais como forma de perda de peso. Para a nutricionista Thelma Zottich, do Núcleo de Tratamento da Obesidade, os pacientes bariátricos não devem aderir a esse modismo alimentar. Ela explica que há maior risco de hipoglicemia para o paciente recém-operado (ainda obeso) e lembra que não faz sentido restringir ainda mais a alimentação de quem já perde bastante peso em decorrência da cirurgia.

 

“Pacientes obesos normalmente tem resistência à insulina e muitos têm diabetes. Nestes dois casos, eles são suscetíveis a hipoglicemia, o que consideramos pior do que a hiperglicemia, dados os sintomas, como desmaios, com risco de quedas bruscas. O paciente bariátrico, especialmente o recém-operado, necessita de alimentação regular de 3 em 3 horas”, alerta.

 

A nutricionista explica ainda que outra preocupação para esse público é em relação à reserva de comida pelo corpo para as horas de jejum, uma vez que o paciente bariátrico não consegue ingerir mais que 300 gramas por refeição. No jejum intermitente, por exemplo, o protocolo adotado é de 16 horas de jejum para 8 horas de alimentação, um período considerado muito elevado para o paciente operado.

 

“Somente com estas 8 horas, é difícil conseguir os nutrientes diários necessários para quem fez uma cirurgia disabsortiva ou restritiva, pela diminuição do tamanho do estômago. Há ainda o risco de transtornos alimentares nesse período da janela, quando o paciente pode se alimentar compulsivamente. Risco ainda maior para quem teve o estômago diminuído e está aprendendo a comer menos”, avisa Thelma Zottich.

 

Para os pacientes bariátricos que tiveram reganho de peso após 2 anos ou mais de cirurgia, a recomendação é o acompanhamento rigoroso com profissionais de nutrição. Nesse período, o jejum até pode ser viabilizado em alguns casos e com orientação desses especialistas, mas utilizando horários que coincidam com o sono, e sempre adequando com atividade física e dieta hiperprotéica, com cálculo diário de vitaminas e minerais.