É comum ouvirmos por aí críticas a pessoas obesas,
preconceitos dos mais diversos, muitos apontados por nós mesmos, dentro de
nossas casas. Por que temos o direito de criticar o peso do outro? Nós não
falamos mal dos hipertensos, dos diabéticos. A obesidade também é uma doença
crônica, que precisa de atenção e cuidados específicos como qualquer outra.
O que tem que ser mudado urgentemente é esse
conceito de que o obeso é preguiçoso, de que a obesidade é culpa de quem come
muito. Essa linha de pensamento é injusta e serve apenas para reduzir a
autoestima de alguém que não muda sua saúde porque não consegue, e não porque
não quer. Se é difícil para você perder dois quilos para entrar naquela calça
esquecida no guarda-roupa, o que diria a alguém que precisa perder 30, 40, 50
ou mais de 70 quilos?
O Ministério da Saúde aponta que 52% dos
brasileiros sofrem com sobrepeso ou obesidade. É correto então que, pautados
pelo tido modelo de beleza, façamos críticas tão ferrenhas ao outro? Fora que
o padrão do belo imposto socialmente é o que menos importa. O que realmente
vale é a nossa qualidade de vida. Sobrepeso não é fator de saúde. Obesidade é
doença, logo, precisa ser tratada.
Os obesos devem ter uma rotina de exercícios físicos,
cardápio balanceado e apoio psicológico para identificar problemas como
ansiedade e estresse. Até aí, sem novidades, já que as regras para cuidar do
corpo e da mente valem para todos. A diferença é que as pessoas muito obesas
podem recorrer à cirurgia bariátrica, também chamada de gastroplastia, para
recuperar a qualidade de sua rotina. O que não é nenhuma vergonha. A cirurgia
garante a alguém que já não pode subir escadas, passar na roleta do ônibus ou
mesmo se sentar em uma cadeira de plástico que a vida dela pode recomeçar. Que
ela pode ter saúde outra vez.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia
Bariátrica e Metabólica, o Brasil hoje é o segundo país com mais cirurgias
realizadas no mundo, com cerca de 80 mil procedimentos por ano. Fica atrás
apenas dos Estados Unidos. O que é uma estatística positiva. Estamos investindo
em qualidade de vida. E, levando em conta que a obesidade é a doença que mais
cresce em nosso país, a gastroplastia surge como uma importante ferramenta para
combatermos um problema de saúde pública.
Ao contrário do que muitos podem pensar, não são as
críticas e o bullying que vão ajudar a perder peso. Ofensas apenas segregam. O
obeso precisa do auxílio médico e da equipe multidisciplinar para recuperarem
sua saúde, não de julgamentos.
Artigo do Dr. Luiz Alfredo, publicado no jornal O Dia em 15/07/2015